A CONTRIBUIÇÃO DE PEDRO, por José Ari Vasconcelos

A CONTRIBUIÇÃO DE PEDRO, por José Ari Vasconcelos

 O maior legado do mestre Pedro Teixeira de Vasconcelos foi a determinação de seu trabalho para preservar o Folclore no seu mais essencial significado, o de ser legítimo e
autêntico, representando as verdadeiras manifestações populares. Assim
predeterminou sua atuação como homem folk.  

Nascido às bagaceiras do engenho Bom Sucesso (1915), Povoado Chã-Preta, Viçosa-AL, Pedro Teixeira conviveu e absorveu os aboios/cantorias de vaqueiros, agricultores e
rezadeiras. Cresceu na convivência com grupos folclóricos remanescentes dos índios, negros e brancos das raízes da região, o que fez assimilar suas autenticidades
e surgir sua abnegação em organizar núcleos de folguedos, com seus familiares, que já o faziam. 

Como professor,
ainda na Chã-Preta, também formou grupos folclóricos estendendo o trabalho ao
lecionar em Capela, Palmeira dos Índios e Viçosa. Em 1960 chegou a Maceió com a
missão do Governo Estadual de difundir o folclore, espelhando-se em seu parente, Théo Brandão, que considerava o maior folclorista. 

A contribuição de Pedro Teixeira pela preservação do folclore tornou-se universal e meritória pela constante participação dos mestres autênticos e legítimos, que ensaiavam e montavam os folguedos a seu pedido. Por isto os grupos por ele formados foram
verdadeiros e autênticos.  

Gerações de mestres repassavam folk aos estudantes de Alagoas contribuindo para a
permanência legítima do folclore. Também como animador, ensaiador e
incentivador Mestre Pedro contribuiu em difundir pelo Brasil e o mundo as
representações tradicionais/culturais do povo, abrindo portas. 

Arregimentou
equipes de parceiros nos órgãos públicos e comunidades que dividiam seus esforços na luta da preservação popular. Com Ranilson França e Zé Maria Tenório Rocha fundaram e manteram a Associação dos Folguedos Populares-AL na defesa/conservação
das manifestações folclóricas.  

Lutou sempre pelo tradicionalismo, pois “a volta às raízes, é zelar pelas tradições e costumes tragados pela indiferença de estudiosos que se preocupam mais em mostrar teoria, do que exercer a prática. É cuidar para não deixar que morra o
folclore” dizia ele ao passar e explicar as características folclóricas, jornadas,
autos, entremeios, funções, peças, vestimentas, rituais, minuciosamente, cuidadosamente, perfeitamente.  

Apesar de trabalhar
para incorporar à juventude o reisado, guerreiro, pastoril, baiana, quilombo,
coco... Pedro Teixeira ensinava em escolas e comunidades que o Folclore também era:
“toda literatura oral, mitos, superstições, provérbios, lendas, cordel, comidas
típicas, torneios, rodas, cantos, artesanato...”. Descobria, incentivava, assimilava
e orientava as manifestações folclóricas, estivessem onde estivessem nos recantos
do Brasil, fazendo a miscigenação cultural. 

Eram ensinamentos de pura essência, preocupado em passar tradição, difundir cultura. Sempre dizia
que o Folclore não é estático, mas se tivesse de sofrer modificações do meio
social, que fossem efetuadas pelo homem folk e não pelos estudiosos do assunto
e que estas mudanças não poderiam afetar a pureza original. 

 Em 1979, ao se aposentar, mais ainda se dedicou e doou-se ao Folclore,
pontificando sua luta até falecer em 2000.  

Como escritor
editou os livros: Folclore, Dança, Música e Torneio; Andanças pelo Folclore;
Gorjeios do Sabiá e Causos de Minha Terra; folhetins: Pastoril e Adivinhações, textos científicos e peças teatrais. 

Assim Pedro Teixeira
tornou-se nome referencial no Folclore, não só como incentivador e propagador,
mas contribuinte de sua manutenção.  

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